domingo, 4 de novembro de 2007

Menos vinhas no Oeste até 2013

Até 2013 deverão ser abandonados na região de Lisboa e Vale do Tejo cerca de sete mil hectares de vinha para se responder às exigências da Organização Comum de Mercado para o vinho, que deverá estar concluída até ao final deste ano. O objectivo desta medida é o aumento da competitividade dos vinhos comunitários e o estabelecimento de um regime vitivinícola que preserve as melhores tradições de produção europeia.

Actualmente a União Europeia (UE) é o maior produtor, consumidor e exportador de vinho, tendo comercializado no ano passado 5,5 milhões de euros deste produto. Os 27 países possuem uma superfície vinícola de 3,6 milhões de hectares, o que representa metade da plantação que existe a nível mundial.

Portugal possui 239 mil hectares de vinha, sendo o quinto maior produtor da UE atrás da França, Itália, Alemanha e Espanha.

“O consumo na Europa tem vindo a descer, mas em Portugal nos últimos três anos a tendência tem sido a estabilização”, disse António Rego, presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, acrescentando que os jovens hoje consomem menos vinho.

Em Portugal deverão ser arrancados 200 mil hectares de vinha, uma proposta que segundo António Rego, não agrada nem aos produtores portugueses nem aos seus congéneres do resto da Europa.

Os agricultores vêem a medida “com reticências e não apoiam o arranque” devido à incoerência entre o incentivo ao arranque e a liberalização dos direitos de plantação a partir de 2014.

Contrapõem ainda com os riscos de “significativo abandono da actividade, especialmente em zonas onde não hajam alternativas de produção”, adiantou o responsável.

No colóquio que decorreu no Cadaval sobre o “Vinho: Desafios do Sector”, a 19 de Outubro, António Rego afirmou ainda que a região Oeste e Vale do Tejo necessita de reestruturar as suas vinhas, apostar na promoção e marketing e reajustar-se face às alterações previstas na OCM.

Cátia Teixeira, chefe de divisão de Agricultura e Pescas, apresentou a estratégia da Direcção Regional para a região de Lisboa e Vale do Tejo para o período entre 2007 e 2013 e defendeu que hoje a agricultura “não é só produtora de alimentos, tem também o papel social de manter as pessoas nos meios rurais”. O documento, que ainda não está finalizado, pretende “consolidar e equiparar o sector agrícola a outros sectores económicos e incrementar a competitividade e a criação de riqueza”, afirmou.

De acordo com o Plano, até 2013 deverá aumentar em 500 hectares a área de DOC (Denominação de Origem Controlada), e 11 mil hectares de área regional. Ao nível da transformação e comercialização está prevista a modernização de 150 centros de vinificação, a reestruturação de 10 adegas e a instalação de 15 novos produtores engarrafadores. A estratégia para a região prevê ainda o aumento do número de castas preservadas, castas em selecção e o aumento de visitantes das rotas do vinho.

João Ghira, presidente da Comissão Vitivinícola Regional (CVR) da Estremadura, abordou a nova organização institucional do sector vinícola nas CVR, com a concentração desses organismos em grandes regiões. Este responsável lembrou que Portugal é o pais que “há mais anos detém procedimentos de delimitação e regulamentação das vinhas”, dando como exemplo a Região Demarcada do Douro, que conta com mais de 250 anos.

Este colóquio, inserido na “VI Festa das Adiafas e VI Festival do Vinho Leve da Região”, foi organizado pela Câmara do Cadaval em parceria com o Centro de Informação Europeia - Europe Direct Oeste.